hiperfoco
Hoje li um relato no grupo de mães de crianças autistas, e acho que me senti na obrigação de passar adiante. Uma mãe relatou o fascínio que seu filho têm por caixas de papelão de uma marca específica, depois de uma busca árdua por algo que chamasse sua atenção, a caminho de casa encontrou este pedaço de papelão no chão e ficou realizado. Como se a taça tão desejada da copa do mundo fosse do pequeno Miguel. Ele é tão especial que até nome de anjo já têm. Isso me fez refletir, pra quem não sabe autistas têm interesses restritos e hiperfoco em determinadas coisas bem específicas. Que nada tem a ver com seu preço, beleza ou funcionalidade. Tem apenas a ver com o que eles se identificam, seja lá o que for. Meu pequeno Ben têm seu hiperfoco em cachorro, e por isso o nosso estar por chegar. Será seu grande amigo, e trará um trabalho ainda mais enlouquecedor para mim.
Hoje eu vim aqui falar desta história porque de fato me tocou, tocou intensamente meu coração. Como a gente é exigente na vida, e como a gente complica o simples tirando toda sua beleza. Quantas vezes perdi tempo me arrumando para sair e quando cheguei no lugar estava tão cansada que mal me divertir. Quantas vezes desvalorizei uma flor, que morreu arrancada só pra que eu pudesse me sentir especial. Ou até mesmo desvalorizei momentos que nunca vão voltar porque estava preocupada com as contas pra pagar. Por que tudo que é bom tem que ter um preço? Por que o valor não é medido por como algumas situações ou pessoas nos fazem sentir? Porque hoje com apenas um post de uma criança, coisas em minha cabeça ficaram muito claras. O problema do mundo somos nós, que complicamos, implicamos com os outros, com as coisas, com o tempo ou com a falta dele. Seja o que for, estamos acostumados a desvalorizar o que temos em excesso. Inclusive o amor, como se fosse fácil encontrá-lo. O que quero dizer é que se cada um olhar a sua volta, vai encontrar motivos os suficientes para continuar seguindo… E o Miguel encontra a felicidade em una caixa de papelão… simplesmente fascinante…Miguel hoje me deu uma lição de vida, na verdade de saber viver. Eu não sei se ele sabe falar, ou se interage com pessoas, não sei se ele têm insônia, ou usa algum tipo de medicação. Eu sei que ele é autista, e também sei que ele é grande demais e talvez pessoas pequenas não consigam entender a complexividade do tamanho que é todo seu ser. E de tudo que ele pode oferecer. Sei disso, porque tenho uma versão própria em casa, da maior forma de amor que pode existir, meu Benjamin, bem parecido com Seu Miguel. E nunca ouvi palavras se encaixaram tanto em um contexto: “ Se o amor tivesse forma, se chamaria Miguel.” Se o amor tivesse forma se chamaria, Benjamin, Clara, Lara, Pedro… e todas as outras crianças autistas que são representadas por essa palavra. Obrigada por compartilhar conosco sua linda história, mamãe.
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