Falar do Benjamin sempre me emociona. Fora 10 anos de muito dedicação por uma melhora muitas vezes desacreditada pelos médicos. Eu, e minha família vivemos durante alguns anos o lado obscuro do Autismo Severo. E digo, a cada um de vocês que hoje passam por isso, que o amor proposto por uma família supera cada desafio. As pessoas hoje em dia romantizam todas as coisas, mas eu, Thalyta, não estou aqui para fazer isso.
O fato de todos os dias uma mãe acordar acreditando em dia´s melhores, já é algo plausível de se falar. Relato o amor aqui, porque este é verdadeiramente puro e genuíno, amor de uma família dedicada. Nós seres humanos, precisamos de uma compensação diária para que a vida valha a pena, e no autismo muitas vezes isso é tirado, de repente um olhar, um sorriso, uma palavra é arrancada, e só sobram suposições mentais de dúvida.
É ficando que demostro minha coragem, o impulso de ir não têm nada de corajoso muito menos de heróico, ta mais para irresponsável, e sem coração. O máximo de refugio que consegui foram minhas lágrimos compulsivas e orações constantes, conheci a Deus na minha dor. Talvez fosse necessário ser deste jeito, álias, foi.
Falo do autismo porque nesta caminhada é o que mais intimidade tenho, mas entre as mais diversas situações, crianças especiais, exigem que toda família e principalmente das mães, um psicológico quase que intacto, um amor irracional todos os dias.
Dito isso vou contar sucintamente um pouco de nossa história. Assim como outras mães, vivi o lado obscuro de um transtorno ainda não muito falado. Há anos atrás as informações ainda eram controversias, e muito excassas. Sabia-se muito do que realmente era o autismo, e muitas pessoas das quais eu sigo, viveram isso a 30 anos atrás. Crianças autistas na sociedade sempre foram taxadas de descontroladas, malcriadas, e não havia um lugar claro da onde se encaixariam.
O descontrole emocional, desregulação sensorial, e as dificuldades básicas de aprendizado e socialização, colocam essas crianças em uma lugar invisível da sociedade.
Pois é, meu filho nasceu, e passados 2 anos de muitas incompreensões veio um diagnóstico de Autismo. Para mim, só era uma explicação para toda a loucura que minha vida propunha. Insônia constante, agressividade, hipercitação, ausencia total de comunicação, problemas gastroentestinais, pedagógicos, distúrbios sensoriais e explosões emocionais intensas. O autismo só foi um nome para todo descontrole proposto em absolutamente todas as situações de minha vida com meu filho.
A severidade do autismo, eu vivi. Hoje passados 10 anos, 8 destes em tratamento intenso, Ben é encaixado no Grau 1, ainda com suas limitações. É possível reversão do quadro de autismo? Sim. É possível AMENIZAR sintomas, mas não é possível CURAR.
Todos os processos nós vivemos, um “corte de cabelo” nunca foi apenas essa pequena frase, havia desorganização, desespero, crises, tratamentos dentários um desafio maior que a escola por incrível que pareça. E por falar em escola, já estivemos presentes em seis escolas durante o periodo escolar até aqui. A mãe que estiver lendo isso aqui, você não está sozinha. Eu não estive a um tempo atrás, e você com toda certeza não está agora.
Nossa história daria um livro. Na verdade deu , se chama Ben Singular, O diário de uma mãe atípica. Escrever foi que fez tudo na minha vida fazer um pouco de sentido. Como viver uma imersão e não registrá-la afim de ajudar outros. Não há no mundo melhor forma de seguir com um propósito sem não ajudar pessoas. E aí, gostou um pouco da nossa história?